17 movimentos


Edgar Pêra é o realizador.
Carlos Paredes o protagonista.
Movimentos Perpétuos o filme.
O documentário de imagens improvisadas sobre a vida e obra do maior intérprete das 12 cordas é um belíssimo exercício artístico que nos consegue transmitir o culto em torno de um homem simples que tudo o que queria era fazer amigos em torno da sua guitarra.
Muito mais do que um mero filme, "Movimentos Perpétuos" é um justa e digna homenagem a quem nunca teve o reconhecimento devido.

O novo do Sr. Coconut

Está prestes a chegar às lojas

É preenchido por temas dos Yellow Magic Orchestra com a participação dos próprios (Sakamoto e os dois Sketch Show) e um segundo disco de remisturas com participações de peso.

Dia 12 de Junho anda à roda.

deijávuuuu

dos Clash, mas soa muito bem numa tarde de sol ou numa noite de copos.

The Dead 60's - Riot Radio

Gnarls Barkley


São, para já, uma das grandes surpresas de 2006.
Serão os novos Outkast?
Terão todos os atributos para construir uma carreira ou vão deixar-se deslumbrar por um sucesso imediato chamado "crazy" ?
O trabalho de estreia promete muito mas não deixo de ter um pé atrás em relação a todo o hype que se começa a gerar.
É que a história da "next big thing" não tem ajudado ninguém.

Láudano


Hoje foi a vez de Luis Pedro Madeira (ex-Belle Chase Hotel) passar por Leiria com a sua orquestra Láudano.
Aurora de Murnau é um dos mais belos filmes de todos os tempos e arriscar uma banda sonora original para acompanhar a sua projecção, para além de desafiante é, no mínimo, um risco.
Confesso que tinha a fasquia muito alta quando entrei no Teatro Miguel Franco e também posso garantir que me arrepiei.
Sólida e consistente, a composição de LPM assenta como uma luva na obra prima de Friedrich Murnau, tal como os Clâ haviam feito com Nosferatu, esta Orquestra consegue criar momentos absolutamente sublimes numa sucessão de imagens que a história já se encarregou de imortalizar.
Depois do contributo para as curtas de Charles Bowers (ainda com os Belle Chase Hotel) e de musicar três filmes do obscuro Repórter X (por alturas de Coimbra Capital da Cultura), Luis Pedro Madeira está, de facto, no caminho certo para se assumir como um dos melhores compositores que despontam na música nacional.

Entretanto (dia 28 de Maio) chega a hora de Guimarães

Será que é desta?

No presente ano que já vai a meio devo ter pasado por cá cinco ou seis vezes as cada vez tenho mais vontade de recomeçar a dar uma nova vida ao café que tem arrefecido demais.
Pode ser que seja desta.

há 30 anos Ferrel dava uma música

15 de Março de 1976, Ferrel, ali mesmo ao pé de Peniche.
A população partiu o sino da igreja de tanto badalo, foram de carroça, de burro e a pé e expulsaram os trabalhadores do terreno onde ía ser construída uma central nuclear.
Dois anos depois centenas de catraios (ou nem tanto) rumaram a Ferrel para se manifestarem pela mesma causa e prestarem homenagem ao povo da terra.
Fausto compunha o tema "Rosalinda".

"Rosalinda se tu fores à praia
se tu fores ver o mar
cuidado não te descaia
o teu pé de catraia
em óleo sujo à beira-mar

a branca areia de ontem
está cheiinha de alcatrão
as dunas de vento batidas
são de plástico e carvão
e cheiram mal como avenidas
vieram para aqui fugidas
a lama a putrefacção
as aves já voam feridas
e outras caem ao chão

Mas na verdade Rosalinda
nas fábricas que ali vês o operário respira ainda envenenado a desmaiar o que mais há desta aridez pois os que mandam no mundo só vivem querendo ganhar mesmo matando aquele que morrendo vive a trabalhar tem cuidado...

Rosalinda se tu fores à praia
se tu fores ver o mar
cuidado não te descaia
o teu pé de catraia
em óleo sujo à beira-mar

Em Ferrel lá p´ra Peniche
vão fazer uma central
que para alguns é nuclear
mas para muitos é mortal

os peixes hão-de vir à mão
um doente outro sem vida
não tem vida o pescador
morre o sável e o salmão
isto é civilização
assim falou um senhor
tem cuidado"

Hoje, nesse mesmo terreno, há 100 pequenas hortas onde os populares cultivam desde cebolas a batatas.

2º dia de trabalho...

Mais um dia de ensaios corrido e cinco temas alinhavados - dois de Ernesto ( uma de "A New Blues" e outra do seu mais recente trabalho que foi lançado na passada semana unica e simplesmente no mercado Japonês), um inédito e duas versões (uma do vasto cancioneiro brasileiro e outra do património jazzistico universal).
Aparece mais um músico (e também radialista da RUC) Bruno Simões a tratar de algumas bases rítmicas.Curiosamente o mesmo Bruno Simões e Filipe Costa têm outro projecto com Afonso Rodrigues intitulado Sean Riley que apesar de trabalhar há alguns meses se vai apresentar numa curta primeira parte em formato "quase showcase" onde apresentarão em primeira mão temas que podiam ser fruto de uma pareceria entre Bob Dylan e Devendra Banhart.
Posto isto, a fasquia continua a subir e todos os envolvidos seguem em frente com poucas horas de sono e a cabeça cheia de acordes.Amanhã de manhã está encontro marcado para mais um dia de trabalho que se prevê bem longo e frutífero quanto baste.

informação do último reforço

FILIPE COSTA Especialidade: tráfico de marfim branco e negro, em forma de paralelepípedo. Missão: dar alma ao Hammond e ao Fender Rhodes, ao lado de Ernesto e Pedro Renato.
Ex-Bunnyranch, já tocou em palcos internacionais, actuou em palcos de teatro e ainda em museus.
Do blues ao jazz, da garagem ao sótão, sempre com uma energia etérea, ele é o Joker num concerto à partida imprevisível.

O Primeiro dia de Trabalho

É impressionante ver um concerto a nascer do nada.
Depois de um tremendo susto com o facto de Ernesto não ter trazido o pc com os sons electrónicos ao que ele respondeu "Se vamos trabalhar do nada, não quero interferir com os músicos e não quero que o PC possa competir com guitarras ou teclas" e nos desarmou.
Depois de se escolherem alguns temas do seu disco "A new Blues" para serem desconstruidos e reinterpretados, Jonatan lembrou que apesar de tudo tinha trazido algumas bases instrumentais e que em dois ou três temas era capaz de ser boa ideia usá-las.
O desafio foi prontamente aceite por Pedro Renato.
Ao chegar ao local de ensaio e já com muitos temas possiveis para se fazerem versões, tentando conciliar o gosto de ambos (ouviu-se desde Chet Baker a Jamie Lidell...)
Mal se ligam os instrumentos discorrem acordes soltos do Pedro Renato em toada de bossa mesmo numa guitarra electrica que Ernesto acompanha com Micro e Vocoder numa letra de improviso.Meia hora depois Pedro Renato lança-se a um tema quase de embalar e Ernesto pergunta se pode cantar em sueco. Pedro Renato sorri e acena que sim mas adverte... "esta é para hammond!".
Hoje o Filipe Costa junta-se pela calada da noite.
Amanhã ninguém sabe (nem eles) o que pode acontecer.
Podemos estar certos duma coisa: Sexta feira à noite vai haver um momento único e memorável.

O primeiro encontro

O Concerto



ERNESTO vs PEDRO RENATO @TAGV COIMBRA 6a 3 MARÇO 21h30
Concerto Comemorativo dos 20 Anos da Rádio Universidade de CoimbraA Rádio Universidade lançou o desafio ao sueco Ernesto para vir até Coimbra e durante uma semana trabalhar com um músico português para juntos apresentarem um espectáculo único onde recriam temas do sueco de «A New Blues», trabalham em inéditos concebidos nesse tempo e reciclam clássicos com novas roupagens. O desafio foi prontamente aceite e é com um orgulho desmedido que a Rádio Universidade de Coimbra apresenta um momento único: Ernesto vs Pedro Renato, 3 de Março, no TAGV.
ERNESTO Jonatan Bäckelie Terris, sueco que reparte o seu tempo entre Gotemburgo e Birmingham, depois de estudar música anos a fio deu os primeiros passos na música de dança e acabou por lancar vários ep's e ser requisitado por projectos como os Beanfield, Stateless ou Swell Session (todos da Compost Records) e acompanhou nomes como Yukihiro Fukutomi ou os Plej (de quem se tornou uma voz carismática que chegou mesmo a ser ouvida na série de Culto Six Feet Under – Sete Palmos de Terra). Em 2005 lança o seu primeiro grande projecto «A New Blues» pela editora londrina Exceptional Records. Neste disco cruza a música negra com a electrónica duma forma absolutamente impressionante, mostrando a sua paixão pelo que de melhor foi feito nos seus formatos clássicos e a sua atenção ao que de melhor se vai fazendo no campo da música electrónica. Blues, Soul e Gospel partilham o espaço do formato canção com a electrónica ora formatada ora minimalista.
PEDRO RENATO Músico de Coimbra que desde há 10 anos lidera os Belle Chase Hotel, Pedro Renato mantém ainda o projecto (sobretudo dedicado a bandas sonoras originais) Azembla's Quartet e nos últimos tempos tem produzido discos como os de Danae e Boitezuleika ou os novos e ainda prestes a sair «Ellas» e «António Olaio & João Taborda». Versátil instrumentista e melómano por convicção, Pedro Renato dispensa grandes apresentações e é um dos raros casos de criatividade associada ao extremo bom gosto.
RÁDIO UNIVERSIDADE DE COIMBRA A RUC é uma secção cultural sem fins lucrativos da Associação Académica de Coimbra - a mais antiga associação de estudantes do país - funcionando como escola de rádio aberta aos estudantes da Universidade de Coimbra desde os anos 20, na altura sob o nome «Centro Experimental de Rádio». A partir de 1986 é também um dos órgãos de comunicação social oficiais de Portugal, tendo-lhe nessa altura sido atribuído em concurso público o alvará de rádio local. Para além de assegurar uma emissão contínua em 107.9 FM na região centro do país, a RUC está igualmente disponível através da Internet no endereço www.ruc.pt. Apostando sobretudo numa programação alternativa por excelência, a RUC empenha-se também na promoção e organização de eventos musicais e culturais. Nos últimos anos, foi responsável pela presença em Portugal de nomes como Pascal Comelade, John Zorn, Carl Hancock Rux, Perry Blake, Blixa Bargeld, Calvin Johnson, Stereo Total, Zita Swoon, Françoiz Breut, Bastien Lallemant, entre outros. Muitos deles em concertos únicos e inéditos no nosso país. Nas comemorações do seu 20º aniversário enquanto rádio local (01 Março 2006), a RUC apresenta Ernesto e Pedro Renato num concerto único, integrado ainda na 8ª Semana Cultural da Universidade de Coimbra.
BILHETEIRA DO TAGV – Reservas pelo telefone 239 855 636 (horário 17-22h)
PREÇO: 10 EUR (bilhete normal) 7,5 EUR (estudantes)
CRÍTICA AO DISCO DE ERNESTO,
FOTOS DE ERNESTO:
INFORMAÇÕES:
Rádio Universidade de Coimbra
Apartado 1178,
3001-501 Coimbra,
PORTUGAL
FAX +351 239 835 446 TEL +351 239 410 410
Horário de Secretaria: 2ª - 6ª / 10-13h e 17-19h
Email: secretaria@ruc.pt http://www.ruc.pt/
SPOTS PROMOCIONAIS

três meses e meio de interregno

Pouco para dizer e muito para ouvir ditaram uma licença sem vencimento em que não me dei por vencido.
Por esta altura (fins de Janeiro) gosto de passar o ano musical em revista e deixar notas soltas sobre aquelas típicas listas que normalmente são publicadas por todo o lado a meio de Dezembro.
Sempre fui um fã incondicional de listas dos melhores do ano mas gosto de as fazer só quando tenho uma noção mais precisa e distanciada de alguns dos mais significativos discos dos 365 dias que ainda há pouco se acabaram de esfumar.

Assim sendo, reduzindo um ano a um dia proponho um disco para cada hora, sem hierarquias nem opiniões absolutamente irrelevantes.


Ernesto - A New Blues

Minotaur Shock - Maritime

The Magic Numbers - The Magic Numbers

Depeche Mode - Playing The Angel

Daedelus - Exquisite Corpse

Buck 65 - Secret House Against the World

Suburban Kids with Biblical Names - #3

Tom Zé - Estudando o Pagode

Frank Black - Honeycomb

Danae - Condição de Louco

Bernardo Sassetti Trio- Ascent

The Books - Lost and Save

MIA - Arular

LCD Soundsystem - LCD Soundsystem

Jamie Lidell - Multiply

Animal Collective - Feels

Ladytron - Witching Hour

Gorillaz - Demon Days

Beck - Guero

Kaiser Chiefs - Employement

Nine Horses - Nine Horses

Danny Elfman - The Corpse Bride OST

Ali Farka Touré & Toumani Diabete - In The Heart of The Moon

Vários - Uma Outra História
(compilação organizada pela Fnac para a comemoração do dia mundial da música)

Fim de semana na Capital...

Havia uma procissão e, para afogar as máguas da desilusão que foi o Schneider TM ( sim, enganei-me redondamente), nada melhor do que uma corrida às melhores capelas da capital (Carbono, Ananana e Fnac, ok, faltou a flur).
E porque não estou habituado a grandes cidades e o tempo passa a correr é aproveitar o que há.
O filme "O Fiel Jardineiro" é deslumbrante.
A peça "O Grande Criador", em apresentação no Chapitô é deliciosa.
E o Stockhausen... enfim, proporcionou-me uma experiência única.
Acho que tão cedo não volto a um concerto, não consegui ouvir nada no regresso a casa.
Foi um dia ganho. Fiquei com a sensação de ter visto a luz e de ter descoberto que passo o tempo a ouvir música mediocre.
E às 10 da noite ainda havia chocolate em Óbidos.

11/11 - Schneider TM


Dirk Dresselhaus estreia-se em Portugal.
Provavelmente em formato de DJ ao duelo com Rechenzentrum.
É no âmbito do festival número , no Clube Lua (Jardim do Tabaco, em Lisboa).
Estou convencido que vai ser um momento único.
Mas posso enganar-me.

The Entertainer


Roisin Murphy actuou na passada segunda feira em Berlim, na Kulturbrauerei e a primeira coisa que se pode dizer é: E-X-C-E-P-C-I-O-N-A-L!!! Roisin Murphy deslumbrou e seduziu. Apareceu de casacão vestido, sobre um conjunto saia casaco. Mais tarde mudou para vestidinho de verão e para algo a puxar ao can-can- Dançou, fez sapateado, meneou as coxas, sacudiu as ancas para a secção de metais e puxou pelo público. A sua actuação transpirou sexo de tal forma que até casais de gays - muitos, assim como de lésbicas - se entusiasmavam - as lésbicas também, mas de forma mais compreensível.

O concerto começou tarde. Antes do início, a sala - talvez para 500 pessoas - foi enchendo enquanto um DJ passava muito hip-hop depois de ter começado com sons mais electrónicos. Mais tarde, o mesmo DJ foi cumprir as funções de baixista. Roisin Murphy, num impecável sentido de oportunidade, apareceu finalmente quando o público dava mostras de saturação. Chegou com a banda a atacar a primeira música e começou logo a arrasar com a sua batida enleante e suavizada pelos dois trompetes e uma saxofone (às vezes também uma flauta) que acompanhavam a banda. A banda em si teve direito a apenas dois momentos de aplauso: quando Roisin os deixa em palco para um diálogo entusiasmante - e de volume bem elevado - entre o trompetista e o teclista e, mais tarde, quando em vez de os apresentar uma a um, lhes vai antes dar um beijo, bem sonoro e de microfone bem perto, ao som de "If we're in love".

Quanto às músicas, de referir que Roisin não foi buscar os sucessos de Moloko. Baseou o espectáculo no albúm em nome próprio "Ruby Blue" (realmente em nome próprio, segundo ela informou a audiência) apenas estendendo um pouco os mesmos à custa de arranjos e de aparentes improvisações dos músicos. Digo "aparentes", porque não o eram, não realmente. Roisin Murphy controlou todo o espectáculo e mesmo o momento mais forte, um crescendo musical que se confundiu a certa altura com barulho, dada a desarmonia entre os instrumentos e voz (para lá do volume de tudo isto), acabou por ser confirmado como perfeitamente ensaiado, com uma redução instantânea e abrupta para o som inicial, baixo e melancólico, no momento certo e em perfeito uníssono, sem qualquer sinal evidente de qualquer dos músicos.

A conclusão? Roisin Murphy chegou para ficar. Pelo menos em concerto. É uma show-woman por direito próprio e deixou toda a gente com a sensação que os 24 euros do bilhete tinham sido uma verdadeira pechincha. Em Berlim fica a vontade de retirar o título a Chilli González e dá-lo a ela: The Entertainer.

Fica apenas a pergunta: para quando uma actuação perante o público português?

D.mo'Lition Jay

Um disco revolucionário?



Alguém que muito nos ensina escreveu sobre o novo "New Blues" de Ernesto na página da RUC.

A electrónica, por si só, nunca conferiu um estatuto de futuro se a base musical à qual se associaria não tivesse o mínimo do interesse. Mas, depois da sua generalização no campo da pop, torna-se ainda mais difícil reconstruir o futuro. Os Massive Attack, por exemplo, pegaram em abrangentes “Blue Lines”, retiram-lhes amostras e iniciaram mais uma via para a canção, os United Future Organization encontraram meio de conferir um estilo dançável ao “hard-bop” e ressuscitaram a “bossa-nova” tornando-a música de actualidade outra vez e os Thievery Corportion sintetizaram a tradição dos “sound-systems” jamaicanos inserindo-os num contexto cénico onde a expansão é possível – afinal o cosmos é o lugar por excelência para o sonho. Os exemplo indicados, materializaram-se através dos meios electrónicos, que foram, contudo, somente o meio para atingir o fim.

Mas a música electrónica surgiu quando o transístor ainda nem sequer era totalmente sonhado, chamavam-lhe electroacústica e os Beattles viram nela a possibilidade da concretização de um sonho experimental. Agora, já não é necessário ter fitas magnéticas que percorram o estúdio, para manter um “loop” estável sobre o qual se constrói uma música, como aconteceu com Herbie Hancock - basta um “laptop” com “pro-tools” e fazer “copy&paste” e o “scratching” também não implica um DJ treinado. Quase tudo é possível, à excepção da criação sintética da criatividade.

Ernesto, vulgo Jonatan Bäckelie, sueco de nascença radicado em Birmingham, resolveu lembrar-se que a pop veio do rock, por sua vez com código genético dos “blues” e assim partiu em busca da tradição. Talvez não tenha sido necessário sentir-se tentado pelo diabo num cruzamento da mítica “highway 61” mas antes num encontro de informação na Internet. Resistiu à tentação e seguiu rumo à tradição. “New Blues” - é disso que se trata verdadeiramente e poderia ter sido o caminho dos Massive Attack, não tivessem eles querido seguir a rota segura do apuro estético antes de se perderem.

Paulo Sebastião

Pacto de agressão consentida

ALICE
A estreia de Marco Martins na realização de uma longa metragem conta com ingredientes que podem fazer de "Alice" um filme de referência no ano cinematográfico nacional; grandes interpretações, uma boa história e planos muito bem conseguidos de uma Lisboa quotidiana.
Saí do cinema com a mesma sensação que me assaltava depois do "Mutantes" e ainda não me consegui decidir se é realmente um grande filme e eu não estou com grande disposição para assinar um pacto de agressão consentida ou se não faltava um pequeno toque que transformasse todo o enredo pesado num momento maior.
Não é que eu não goste de levar um soco de vez em quando, mas gostava de o poder digerir melhor e não ficar, alguns dias depois, ainda com um certo amargo de boca.
Uma coisa é certa:
Ora aqui está um filme que vale, e bem, o preço do bilhete.

O Zé



Hoje voltei a viciar-me nos primeiros discos do Zé.
Confesso que o último Pagode (candidato a grammy latino) ainda não me convenceu totalmente por uma simples razão, depois da tripla "Com Defeito de Fabricação/Jogos de Armar/Imprensa Cantada" estava ansioso por mais canções em formato bruto e essas abundam nos primeiros discos de Tom Zé.
O disco de estreia (homónimo, mas que muitos teimam em chamar "Grande Liquidação") de 1968 é, sem sombra de dúvidas, uma das suas maiores obras primas e é impressionante como ainda hoje (quase 40 anos depois) consegue transpirar magia e actualidade por todos os sons.
Qual Zé povinho, qual Zé do Telhado, este Zé que desde meados de 60 afina o punho e ergue a voz é um simbolo que ultrapassa em muito a sua própria música.

Viagem Pop a Berlim

Nick Cave
& the Bad Seeds (separação obviamente propositada)
Lou Reed
Einstürzende Neubauten
Stereo Total
Peaches
Gonzales
Tom Waits (escolha muito pessoal)

...

Leonard Cohen, por que a compreendeu:

First we take Manhattan, then we take Berlin

Berlim fica para o fim. O resto do mundo é fácil, difícil é conquistar Berlim. Aliás, é impossível. Berlim conquista-nos a nós.

D.mo'Lition Jay