há 30 anos Ferrel dava uma música
15 de Março de 1976, Ferrel, ali mesmo ao pé de Peniche.
A população partiu o sino da igreja de tanto badalo, foram de carroça, de burro e a pé e expulsaram os trabalhadores do terreno onde ía ser construída uma central nuclear.
Dois anos depois centenas de catraios (ou nem tanto) rumaram a Ferrel para se manifestarem pela mesma causa e prestarem homenagem ao povo da terra.
Fausto compunha o tema "Rosalinda".
"Rosalinda se tu fores à praia
se tu fores ver o mar
cuidado não te descaia
o teu pé de catraia
em óleo sujo à beira-mar
a branca areia de ontem
está cheiinha de alcatrão
as dunas de vento batidas
são de plástico e carvão
e cheiram mal como avenidas
vieram para aqui fugidas
a lama a putrefacção
as aves já voam feridas
e outras caem ao chão
Mas na verdade Rosalinda
nas fábricas que ali vês o operário respira ainda envenenado a desmaiar o que mais há desta aridez pois os que mandam no mundo só vivem querendo ganhar mesmo matando aquele que morrendo vive a trabalhar tem cuidado...
Rosalinda se tu fores à praia
se tu fores ver o mar
cuidado não te descaia
o teu pé de catraia
em óleo sujo à beira-mar
Em Ferrel lá p´ra Peniche
vão fazer uma central
que para alguns é nuclear
mas para muitos é mortal
os peixes hão-de vir à mão
um doente outro sem vida
não tem vida o pescador
morre o sável e o salmão
isto é civilização
assim falou um senhor
tem cuidado"
Hoje, nesse mesmo terreno, há 100 pequenas hortas onde os populares cultivam desde cebolas a batatas.