Paredes de Coura - ainda o dia 2

Pelo meio actuaram os norte-americanos The Roots.
Com bons momentos de um hip hop bem consistente e muito orgânico, fazem tudo em palco usando instrumentos bem reias ainda que de ora em vez um ou outro solo acabe por parecer demasiado longo ou absolutamente despropositado.
Eles são bons e sabem isso, mas não precisavam de embarcar em alguns desvarios de "suposto virtuosismo".
Apesar de terem a complicada missão de mediar o tempo entre a bomba dos Arcade Fire e a descarga que se aguardava dos Queens of The Stone Age, os The Roots animaram um público que não era propriamente o seu e usaram imensos excertos de temas clássicos ou bem conhecidos de todos para apelarem ainda mais à participação do público.
Aquele "Black Betty" como introdução para o "The Seed", de Cody Chesnut resultou mesmo bem...

Paredes de Coura - Dia 2

Ainda com atraso mas já com outro andamento em relação aos estreantes do dia anterior, o Jazz na Relva com Miguel Martins Trio só não me prendeu por mais tempo porque, pouco depois, Alasdair Roberts já começava a entoar temas que finalmente (e pela única vez no festival) fizeram juz ao nome do palco songwriters e àquela lufada de ar fresco que por lá passou no ano passado.
Sublime, com direito a encore onde entou sem a ajuda da fiel viola, uma ultima ladainha, Alasdair Roberts proporcionou o melhor momento que este festival me deu fora do palco principal.
E eis que, quando pouco esperava, aparece a grande surpresa... The Futureheads. Simples e honestos, fazem o que gostam com inúmero prazer e entre o melhor punk e o melhor "Devo" os Futureheads deram um concerto, no mínimo, entusiasmente e muito prometedor.
Sobre o pop quase rock trá lá lá com direito a umas electrónicas e tal e coisa pouco há a dizer. Um concerto morno que sempre agradou aos fans mas não conseguiu, na minha modesta opinião, grandes pontos de destaque.
Agora, os Arcade Fire... partiram a casa. Deram aquele que foi, provavelmente, o melhor concerto do festival. Sempre a rodarem de instrumento para instrumento, com uma presença em palco digna de registo, os Arcade Fire não só conseguem transpôr para palco tudo o que de melhor as suas composições carregam e tocam-nas como se de uma celebração/exorcismo se tratasse. No dia em que dois vocalistas comemoravam dois anos de casados, apesar de alguns problemas técnicos, mostraram um "funeral" tão festivo quanto grandioso e carimbaram um daqueles raros momentos que Paredes de Coura tem vindo a proporcionar ao longo dos anos (Flaming Lips, Mr. Bungle, ...).
Queens Of The Stone Age... pessoalmente não consigo gostar (com a excepção de 4 ou 5 temas), por isso... deixo a análise para outros.
Pixies... não consegui bater palmas... saí à sexta ou sétima música. Nunca vi uma banda com tão pouca vontade de tocar em palco. Nunca pensei que pudesse ser tão mau. Se não os tivesse visto quando realmente me disseram muito... há mais de uma década... se calhar até tinha gostado. Eles tinham razão quando chamaram à compilação "Death to the Pixies". Deviam ter continuado apenas nas melhores memórias de muitos.

Paredes de Coura - Dia 1

Marcado para as 15h, o Jazz na Relva arrancou com duas horas de atraso para apresentar três projectos: Cheese Cake, Gheegush e Space Ensemble.
Em relação aos primeiros, saxofone e guitarra acompanhavam Jorge Queijo (conhecido nas lides coimbrãs, na República dos Fantasmas e pelo projecto anterior Cooltrain Jazz Trio) na bateria.
A sua t-shirt negra dos Tool não deixava antever um projecto que, ainda que tenha um ou outro ponto de interesse, não deixa grande marca de criatividade ou de genialidade. Muito sinceramente, ao longo do tempo ia-me recordando com saudades dos restantes elementos da sua formação anterior (com teclas e contrabaixo).
Depois... Gheegush (contrabaixo, bateria e saxofone), mais alguma experimentação e alguma fusão que também não entusiasmou por aí além.
No fim, Space Ensemble, nada mais do que os dois projectos juntos em palco... a improvisarem?
Louva-se a iniciativa, mas esperam-se melhores dias.
No palco secundário, os Unplayable Sofa Guitar iam entretendo algumas dezenas de pessoas entre fãs e curiosos, mas a noite no palco 1 prometia muito.
Mesmo sem MXPX (alguém terá sentido a sua falta?), os DFA 1979 arrancaram com toda a força para mostrarem um género único de rock bem musculado entre bateria e baixo, num concerto intenso demais para final de tarde, com muito trabalho para o roadie e com palmas para a acompanhante de perna à mostra. Talvez merecessem um lugar mais destacado no palco, mas estiveram muito bem nesta primeira aparição em terras lusas.
!!! foi a festa pura e dura. Muito funk, muita dança, algum rock numa actuação explosiva com um frontman que sabe o que é ser entertainer. Dança e pula, corre o palco, provoca e dialoga, transpira satisfação e prazer por todos os poros e os restantes companheiros de lide (que são sete) não deixam os seus próprios créditos por mãos alheias. Surpreendente? Se calhar acabou por ser a constatação de que "Louden Up Now" é um dos melhores discos que por aí apareceram nos últimos tempos e que não é obra do acaso.
Os Kaiser Chiefs vão ser grandes, só não sei é se o estatuto vai perdurar.
São uma máquina de fazer hits. Arrancaram com dois singles nos primeiros três temas e ao terceiro "Everyday I Love You Less and Less" uma queda mal calculada, depois de um salto clássico com pirueta incorporada, deixa o vocalista a cantar metade do tema no chão e leva-o a pedir ao técnico fita adesiva para ligar o tornozelo. Ao pé coxinho ainda pulou e cantou pedindo (demais) ao público algum incentivo, mas aguentou-se estoicamente ainda que tenha dado a impressão de que não conseguiu levar o alinhamento até ao fim e a actuação não durou mais de 40 minutos. Foi o primeiro concerto com letras berradas pelo público, o que mostra que é só uma questão de meses até estes Kaiser Chiefs se tornarem num fenómeno.
The Bravery, uns meninos de Nova Iorque que têm a mania que são muito estilosos e que não trazem absolutamente nada de novo e se vangloriam de temas abaixo da mediania com letras inacreditáveis que parecem saidos da pré-história de uma qualquer escritora light de segunda. Tive saudades de ver os X-wife, que andavam por lá a assistir aos dois primeiros concertos do dia bem perto das grades.
Ah... ainda havia Foo Fighters... ouvi qualquer coisa ao longe... parece que houve um êxtase, mas isso são contas para outras crónicas ou para crónicas de outros.

O início de Paredes de Coura

Recepção ao campista com Sons and Daughters e dj's conhecidos ou da moda.
Os Sons and Daughters esforçaram-se por começar a acender o rastilho de um Paredes de Coura prestes a explodir.
Os sete a oito mil já com a tenda armada disseram que estavam lá para ouvir guitarras e receberam os dois meninos e as duas meninas de braços abertos e prontos a bater palmas por qualquer razão.
A calma dos temas em disco foi preterida por arranjos muito Nick Cave (versão "Course of Milhaven") e resquícios de baladas com cheiro ora a punk ora a folk acelerado.
A frontwoman, com alguns laivos de Nina Hagen ou de Roisin Murphy, mas sem grande sensualidade para transmitir, também se empenhou e o guitar hero, com a sua carinha com pinta de cruzamento entre James Dean e Connan O'Brian, deu o ar da sua graça.
Mas muita entrega em palco não chega para fazer dos Sons and Daughters um caso de sucesso quando a cada tema nos fazem lembrar de outros dois ou três nomes grandes do universo pop rock.
Houve ainda tempo para uma versão dos Stranglers e uma saída de palco com a convicção de que tinham feito o que lhes pediram... começar a aquecer o ambiente.
Depois... entre um colectivo tão fashion que até usa trash no nome e a dupla Zé Pedro/Miguel Quintão a passar hit atrás de hit, era hora de deitar e pensar... amanhã é que vai ser.

Não a tradição é o que sempre foi

postini, meu amigo, ignora essas nomeações para o Nobel da Paz. Especialmente porque dezenas de nomes são nomeados todos os anos e o Parlamento Norueguês até se costuma safar bem nas escolhas.

Quanto a estrelas rock serem embaixadores disto ou daquilo, repito algo que já ouvi e li muitas vezes, embora não saiba a quem: "Não há nada pior que uma estrela rock com uma causa".

A história dos concertos de beneficiência - ou de "sensibilização" como o Live8 - são uma treta pegada. Que é que os músicos fazem? Aparecem, complicam um pouco as suas agendas, dando essencialmente trabalho aos seus RP's, tocam no máximo meia dúzia de músicas e está a consciência tranquila para os próximos anos. O público que assiste aos concertos, que pagam um bom dinheiro para viajar para os locais e depois dispendem ainda mais dinheiro nos bilhetes, comida, etc e tal, é que vão pagar a "beneficiência". E tudo para terem concertos a peso e normalmente sem qualidade.

Tudo bem que o Live8 foi à borla, mas mesmo assim é ridículo. No dia em que um "supergrupo" anunciar que uma percentagem significativa - acima de 10% - dos seus lucros enquanto banda serão para determinada causa, não acredito nestas tretas. Os únicos que beneficiam são mesmo as editoras e as televisões. O resto são tretas.

D.mo'Lition Jay

Saiu o número 23

a ZDB na Wire

"Pedro Gomes locates Lisbon's most creative musicians at the Galeria Zé Dos Bois"

Como o artigo não está disponível na versão online... sugere-se uma visita aos quiosques especializados.
Não é todos os anos que se vê um artigo destes numa publicação tão prestigiada.

welcome to the silly season...

"Os britânicos Bloc Party e Kaiser Chiefs querem gravar um single conjunto, no próximo Natal.As bandas planeiam assinalar a data festiva com a edição da sua versão para 'All I Want For Christmas Is You', de Mariah Carey. "
cotonete

O melhor curso do mundo

Já recebe pré-inscrições.
como o próprio Mestre Bongo assegura:
"...resolvi ter uma universidade só para mim : sem reitor, sem alunos, sem propinas, sem exames, sem praxes, sem directas e todos os sem que muito bem entenderem.
A motivação para a fundação desta universidade está, em parte, condensada em algo que aparece escrito em latim algures no blog.
Mas não precisam de procurar, eu repito essas palavras : " nihil humani mihi alienum puto. "
Pode parecer um bocado exagerado alguém afirmar algo assim. Eu sou exagerado, confesso.
E reparem que eu não gosto de me confessar.E, já estarão a perguntar os que até aqui conseguiram chegar : " E o que se aprende afinal na Universidade do Mestre Bongo ? " (parágrafo) Em concreto ainda nem eu o sei bem ; em geral, falar-se-á de cinema, de música, de artes plásticas, de literatura, em suma...de cultura ou da falta dela. Pouco esclarecidos ainda ? Sigam os próximos episódios...
Vou agora tratar da inscrição da Universidade do Mestre Bongo na Associação Patafísica Internacional..."