Marcado para as 15h, o Jazz na Relva arrancou com duas horas de atraso para apresentar três projectos: Cheese Cake, Gheegush e Space Ensemble.
Em relação aos primeiros, saxofone e guitarra acompanhavam Jorge Queijo (conhecido nas lides coimbrãs, na República dos Fantasmas e pelo projecto anterior Cooltrain Jazz Trio) na bateria.
A sua t-shirt negra dos Tool não deixava antever um projecto que, ainda que tenha um ou outro ponto de interesse, não deixa grande marca de criatividade ou de genialidade. Muito sinceramente, ao longo do tempo ia-me recordando com saudades dos restantes elementos da sua formação anterior (com teclas e contrabaixo).
Depois... Gheegush (contrabaixo, bateria e saxofone), mais alguma experimentação e alguma fusão que também não entusiasmou por aí além.
No fim, Space Ensemble, nada mais do que os dois projectos juntos em palco... a improvisarem?
Louva-se a iniciativa, mas esperam-se melhores dias.
No palco secundário, os Unplayable Sofa Guitar iam entretendo algumas dezenas de pessoas entre fãs e curiosos, mas a noite no palco 1 prometia muito.
Mesmo sem MXPX (alguém terá sentido a sua falta?), os DFA 1979 arrancaram com toda a força para mostrarem um género único de rock bem musculado entre bateria e baixo, num concerto intenso demais para final de tarde, com muito trabalho para o roadie e com palmas para a acompanhante de perna à mostra. Talvez merecessem um lugar mais destacado no palco, mas estiveram muito bem nesta primeira aparição em terras lusas.
!!! foi a festa pura e dura. Muito funk, muita dança, algum rock numa actuação explosiva com um frontman que sabe o que é ser entertainer. Dança e pula, corre o palco, provoca e dialoga, transpira satisfação e prazer por todos os poros e os restantes companheiros de lide (que são sete) não deixam os seus próprios créditos por mãos alheias. Surpreendente? Se calhar acabou por ser a constatação de que "Louden Up Now" é um dos melhores discos que por aí apareceram nos últimos tempos e que não é obra do acaso.
Os Kaiser Chiefs vão ser grandes, só não sei é se o estatuto vai perdurar.
São uma máquina de fazer hits. Arrancaram com dois singles nos primeiros três temas e ao terceiro "Everyday I Love You Less and Less" uma queda mal calculada, depois de um salto clássico com pirueta incorporada, deixa o vocalista a cantar metade do tema no chão e leva-o a pedir ao técnico fita adesiva para ligar o tornozelo. Ao pé coxinho ainda pulou e cantou pedindo (demais) ao público algum incentivo, mas aguentou-se estoicamente ainda que tenha dado a impressão de que não conseguiu levar o alinhamento até ao fim e a actuação não durou mais de 40 minutos. Foi o primeiro concerto com letras berradas pelo público, o que mostra que é só uma questão de meses até estes Kaiser Chiefs se tornarem num fenómeno.
The Bravery, uns meninos de Nova Iorque que têm a mania que são muito estilosos e que não trazem absolutamente nada de novo e se vangloriam de temas abaixo da mediania com letras inacreditáveis que parecem saidos da pré-história de uma qualquer escritora light de segunda. Tive saudades de ver os X-wife, que andavam por lá a assistir aos dois primeiros concertos do dia bem perto das grades.
Ah... ainda havia Foo Fighters... ouvi qualquer coisa ao longe... parece que houve um êxtase, mas isso são contas para outras crónicas ou para crónicas de outros.