antes da grelha de verão da Rádio Universidade de Coimbra, por Eduardo Brito
A música e os sons
1 – Patrick Cassidy – Vide Cuor Meum
A – Anthony Hopkins – Letter to Clarice, do filme Hannibal
B - Gary Oldman – Letter to Johnathan Harker, do filme Bram Stoker's Dracula
2 – Zbigniew Preisner – Blanc
3 – Brad Mehldau – Everything In It's Right Place
4 – Chet Baker – Somewhere Over The Rainbow
5 – Fennesz – A Year In A Minute
C– Jean Louis Trintignant & Irene Jacob – Rencontré - do filme Rouge
D - Emanuelle Riva- Tu me fais du bien (echoed), do filme Hiroshima, Mon Amour
6 – David Sylvian – Mother And Child
E – Highway Traffic In Your Leg
7 – Vincent Gallo – Her Smell Theme
8 – Alberto Iglesias – Me Voy a Morir de Tanto Amor
F – Paz Veja – Loca perdida, do filme Lucía Y El Sexo
G – Peter Challis @ a-bomb.uk
H – Old Tv Show
I – Gary Oldman – I have crossed oceans of time to find you, do filmeBram Stoker's Dracula
J – Krzisztof Komeda – The Vampyre's Ball, com diálogos de RomanPolanski e Jack McGowran , do filme The Fearless Vampyre Killers
K – Ferdy Maine - Professor Abronsius Never Guessed, do filme The Fearless Vampyre Killers
9 – Keith Jarret – Goldberg Variations – Aria
L – Le Point Mirabeau
10 – Zbigniew Preisner – On The Deck - com diálogos de StellanSkalskgaard e Lena Headey, do filme Aberdeen
M – Joseph Beuys - Yayaya, Nenene
11 – Chinese Folk Songs - Erhu
N – Brad Pitt – Our Great War, do filme Fight Club
12 – Ryuichi Sakamoto – Last Regrets
O – Serge Gainsbourg – One Two Soundcheck
13 – Serge Gainsbourg – Crazy Horse
P –Al-fredo - Los Vecinos Son unos Hijos de Puta
14 – Laurie Johnson - The Avengers Theme
15 – Azembla's Quartet – Aniversário
Q – Dunn Ng Hodges
R – Peter Sellers - I Have Always Failed Where Others Have Succeeded,do filme The Pink Panther Strikes Again
16 – Henry Mancini – The Pink Panther Theme
S – Peter Challis @ a-bomb.uk
T – Telephone Piece 9 Digit
U – Salvador Dali – Ici
17 – Kimmo Pohjonnen - Aroma
V – Phillipe Noiret – Dimentica tutto, do filme Cinema Paradiso
18 – Ennio Morricone – Elena
19 – Klaus Nomi – Cold Song
As palavras...
Rádio Universidade de Coimbra, 1 de Julho de 2005. Finisterra, hoje com realização e locução de Eduardo Brito.
O Finisterra de hoje faz-se de revisões, de revisitas e de músicas sem palavras.
A voz que canta aparece apenas no princípio e no fim.
Pelo meio, ficam as memórias do cinema, o barulho da cidade, as vozes poéticas carregadas de grão.
Músicas sem palavras, palavras pelo meio das músicas até ao morrer da canção, até ao morrer da terra.
Início com Patrick Cassidy e Vide Cuor Meum, adaptação musical do poema de Dante para Beatrice Portinari, La vita Nuova.
Estávamos em Florença, no final do século XIII.
As mãos.
As mãos que tocam, que escrevem: as mãos de Brad Mehldau a tocarem a música escrita por Thom Yorke.
Tudo no seu lugar: para trás, duas cartas assinadas com iniciais, H de Hannibal, D, de Drácula, uma viagem ao fim da Europa, à Polónia branca musicada por Zbigniew Preisner e para a frente, Chet Baker trompetiza a canção cantada porJudy Garland, que acreditava mesmo em Somewhere Over The Rainbow.
Músicas sem palavras, depois das palavras de Jean Louis Trintignant e Irene Jacob, depois de Emmanuelle Riva fundir o corpo na cidade feita à medida do amor.
Estamos em Hiroshima, recordamos Fennesz em A YearIn a Minute e paramos no calor da cânfora de David Sylvian, com MotherAnd Child.
Depois seguem-se mais recordações: o transito da cidade do norte, Vincent Gallo rodopia em torno do aroma dela, Paz Vejadeclara-se completamente enamorada, por entre o ambiente criado paraLúcia, por Alberto Iglésias.
O Finisterra de hoje faz-se de revisões sonoras, de músicas sem palavras, de palavras e memórias, iniciadas nesta mesma hora, no dia vinte e um de Outubro de 2004.
Desde a voz de Lúcia viajamos bastante: paramos na Londres de Peter Challis, vimos televisão e filmes de vampiros que nos fizeram ter medo: Gary Oldman fez de Dracula, Roman Polanski jurou o amor em Veneza enquanto dançava um baile diabólico com Sharon Tate.
Depois daRoménia, voltamos às mãos: às mãos de Keith Jarrett a hipnotizar o ouvido em um minuto e doze segundos de perfeição, numa variação deGoldberg. Ouvimos a grafonola arranhar Le point mirabeau, viajamos de ferry até Aberdeen, com as vozes de Lena Headey e Stellan Skalskgaardpelo meio dos mares gelados.
Das terras do norte fomos até à China, com paragem na voz do artista Joseph Beuys.
Tudo isto com músicas sem palavras.
O fim da voz, o fim dos sonhos de Brad Pitt, o Japão de Sakamoto com Last Regrets e por fim, o sorriso rouco do génio de Gainsbourg sob requiem pour un con.
Agora dançamos.
Em Paris, no CrazyHorse de Serge.
Últimos instantes do Finisterra de hoje, com a voz apenas a surgir por entre as músicas instrumentais, com a voz a trazer ao ouvido as imagens da tela de cinema e do ecrã de televisão. Desde Los vecinos son unos hijos de puta, já parámos na Londres posh dos anos sessenta, com John Steed e Emma Peel, vingadores do tema de Laurie Johnson, estivemos no café Bossa Nova dos Azembla's Quartet e voltamos ao cinema pela voz imortal de Peter Sellers e pelos clássicos revisitadosao som da Pantera Cor de Rosa.
Dos leves ritmos celestes de HenryMancini, descemos aos sons infernais do Aroma finlandês de KimmoPojhonen, não sem antes nos determos na identidade de Dali.
Para o fimda terra, ouvimos Alfredo, de Cinema Paradiso, obrigar-nos a esquecer de tudo, de imediato lembramos o amor de Totó pelo cinema.
E o fim da terra, o fim das músicas sem voz, dá-se com a voz feérica de KlausNomi numa sublime e gélida interpretação de Cold Song, de HenryPurcell.
E por fim, o finisterra chega ao fim. Volta para a semana para mais um adeus e depois… depois parte por aí fora.