Disco do ano, venha aí o que vier...


Carl Hancock Rux - "Apothecary RX" (Giant Step / Última)

absolutamente imprescindível!

Alex Gozblau



"Ilustre desconhecido", o responsável pelo grafismo da revista 365 e colaborador de vários jornais nacionais podia muito bem ser um nome de culto a expôr nas melhores galerias mundiais.
Para já, podemos acompanhar parte do seu trabalho aqui.

A notícia que me fez pular de alegria duante várias horas...

Tom Waits e Chico Buarque são dois nomes apontados para a temporada de espectáculos que se avizinha na Casa da Música no Porto.
Recebi o rumor com estranheza. Outubro era o mês apontado e dois dias depois li o artigo no "Publico".
Caso para ponto e vírgula; será que em Outubro de 2003 a Casa da Música já estará finalizada? Ou será que, da programação arquitectada por Pedro Burmester, estes dois nomes acabam por ser considerados imprescindíveis, ainda que tenham de actuar lá para o início de 2005?
O Tom Waits? O Chico Buarque?
Em relação ao primeiro estava covencidíssimo que nunca o consegia ver ao vivo. É certo que vai lançar um novo disco mas continua com a sua vida caseira ao lado da inseparável esposa, tratando da lida da caa e do se filhote que já está na idade de começar a tocar bateria com o pai.
Joe Gore, guitarrista de Tom Waits em vários trabalhos, revelou, quando assentou praça em Portugal para produzir o disco dos Belle Chase Hotel, que as sessões de gravação do "Mule Variations" tinham sido mais descontraídas do que umas férias num qualquer parque de campismo.
Durante três meses juntavam-se num estúdio perdido entre uma paisagem de western e gravavam entre as 9.30h e o meio dia e entre as 14.30h e as 17h.
Tom Waits não perdia nunca a oportunidade de ir levar e buscar o seu filho à escola e de almoçar com ele e com a esposa no recato do lar.
Durante a noite ou se juntavam na casa de Waits a ouvir e contar histórias ou, muito de vez em quando, faziam jam sessions no estúdio quando o filhote vinha bater nos pratos, bombo e tarola.
Tom Waits está completamente transformado no verdadeiro pai de família.
Vive com uma renda vitalícia que lhe foi atribuída num caso de "plágio de personalidade" que moveu contra a multinacional de fast food KFC, tudo porque recusou fazer um anúncio e eles acabaram por criar um sósia para promover a marca.
Não precisa de gravar novos discos, mas sente necessidade de juntar os amigos para dar corpo ao que cria e compõe em casa com a mulher.
Não precisa de dar concertos mas gosta de reencontrar velhos amigos pelos Estados Unidos e pela Europa, daí que as tours sejam escolhidas pelo próprio e agendadas consoante a disponibilidade daqueles que já não vê há anos.
Poucas datas e locais seleccionados que não deixam grande margem para se sonhar com Portugal, já que só por cá só andou para filmar "Na Pele do Lobo" ... há tempo demais para deixar grandes amigos.
Mas adora contar a experiência que por cá viveu, quando numa praia da linha resolveu, fora de época, dar um merglho e quando regressou não tinha roupa nem carteira nem vestígios de ladrão. No entanto, uns dias depois quando descia do quarto de hotel onde se encontrava foi deparado com um embrulho em seu nome onde se encontrava tudo (roupa inclusivamente lavada) e um sincero pedido de desculpa.
O que motivará Tom Waits a visitar-nos?
Muito sinceramente não sei, mas fico em êxtase só com a possibilidade.


Agora o Chico...
Odeia viajar. Tem fobia de palco. Na sua última passagem por Portugal para promover "Francisco", poucos minutos antes de entrar em palco recebeu a notícia de que um grande amigo seu e companheiro das lides musicais tinha falecido e acabou por bebeu três ou nove copos a mais para esquecer...
As memórias dessa última aparição em terras lusas não são concerteza as melhor mas os amigos que por cá ficam são um porto de abrigo constante e vai não vem acaba por dar um pulo ao Atlântico... ainda há dois anos por cá esteve a filmar "Água e sal".
Permanece a incógnita sobre a sua participação a 4 de Julho no Forum de Barcelona para uma homenagem a Pablo Neruda mas as tentativas para o trazer de volta a Portugal têm sido mais que muitas.

Música e filmes com Tarantino

Antes de mais as minhas desculpas ao Hugo e aos viciados em cafeína deste blogue pela ausência de comentários da minha parte. Estou perdoado? A sério? Então avancemos.

Há algum tempo tive um diálogo interessante acerca da banda sonora do Kill Bill Vol. 2. Parecia-me fraca, comparada não só com a do primeiro volume mas também com as dos restantes filmes de Tarantino. Este realizador nota-se por não se fazer acompanhar de compositores para assinarem bandas sonoras originais, mas sim por escolher, geralmente entre a sua colecção particular, temas que acompanhem bem determinadas situações de filmes. Tarantino é mestre neste aspecto. O seu universo, tão particular e, até ao momento, inimitável, exige sempre músicas não muito convencionais, sendo normal não se encontrarem grandes sucessos entre as suas escolhas para os filmes (pelo menos antes do filme se estrear).

Qual o segredo então de Tarantino? Os filmes, já se sabe, são colecções de memórias videófilas e de um imaginário de influências pop extremamente díspares. A "sua" música tem a mesma origem. Quantas vezes não imaginámos já um determinado cenário ao ouvir uma música? Nem se trata da letra da música, trata-se tão só da melodia. Mais que a letra de "The Ballad of Lucy Jordan" de Marianne Faithful em "Thelma e Louise" (de Ridley Scott), o que fascinava era a música melancólica e quente que nos enchia à medida que as imagens mostravam a imensa paisagem americana. A letra ajustava-se, mas era apenas um extra. Era a música que nos envolvia.

O mesmo se verifica com as escolhas de Tarantino. Este é capaz de encontrar músicas, por mais obscuras ou renegadas pela crítica que sejam, que se adaptam na perfeição à cena do filme. Consegue, por vezes, juntar também uma letra perfeita ("My baby shot me down", não é verdade, Miss Sinatra?) ao que pretende transmitir, mas a perfeição é atingida pela música. As suas bandas sonoras são casos de sucesso, tanto de compras como de crítica. As músicas que Tarantino desenterra tornam-se casos de sucesso (quantos não dançaram ao som de "Misirlou", do início de Pulp Fiction?) e ajudam a criar o culto em torno dos filmes. Por isso se torna mais difícil classificar a banda sonora do segundo volume da série Kill Bill.

Estão de acordo com as cenas que retratam, disso não há dúvidas, mas o albúm, no seu todo, não fascina desde a primeira audição. Começa bem com o monólogo de abertura de Uma Thurman e lá está um monólogo de David Carradine e mais um outro diálogo para cumprir a tradição. Mas não convence. Talvez porque continua com o "Goodnight Moon" de Shivaree (que até me agrada, mas não é suficientemente antiga ou obscura para o habitual) ou porque abusa de Morricone. Talvez porque continua a insistir em Johnny Cash, o que cai estranho no meio do albúm. Talvez porque, num albúm de tom claramente mexican/western, termine com mais uma música japonesa, o que se justifica no contexto dos filmes mas fica estranho neste albúm.

Com o passar das audições acabei por me habituar ao albúm, comecei mesmo a apreciá-lo mais que antes, especialmente se antecedido pela audição da banda sonora do primeiro filme. Mas parece faltar o golpe de asa, os dois temas desconhecidos de paixão imediata que fazem o albúm e que parecem estar ausente. Sem dúvida que os temas são perfeitos para o filme, mesmo o de Cash está perfeitamente ajustado à cena em que é ouvido, mas não conseguem ter a vida própria habitual que Tarantino nos costuma transmitir com as suas escolhas.

A ver vamos se é fenómeno isolado e se voltamos ao fascínio habitual.

JSA

férias sem café...

Foram duas semanas sem acesso ao mundo da informação e à world wide web.
Foram duas semanas com muita música.
José Mário Branco, Clã e Magnus (o projecto de Tom Barman com CJ Bolland) aqueceram o leitor de cd's, a queima marcou presença em Coimbra e o Palco RUC fez das suas ao longo de noites muito concorridas para assistir a actuações bem suadas.
O cimbalino vai voltar ao ritmo habitual...